São Bernardo e São Bento
Autor: Desconhecido
Data: 1530 – 1540
Material: Argamassa de cal e pigmentos
Dimensões (cm): alt. 228 x larg. 116
Inscrição: SCVS.BERNARD e SCVS.BENEDIT
Proveniência: Póvoa de Lanhoso, Igreja de São Salvador de Fontarcada
N.º de Inventário: MAS PD 6
São Bento e São Bernardo, respetivamente, o fundador da Ordem beneditina (os monges negros) e o mentor da reforma cisterciense da mesma Ordem (os monges brancos), estão representados em gesto de bênção, segurando um báculo na sua mão esquerda e envergando os hábitos próprios das Ordens que representam. Sobre as duas figuras, as legendas “SCVS.BERNARD” e “SCVS.BENEDIT”.
Este fresco revela uma mão segura, um forte naturalismo expressivo, um cânone erudito de formação. É obra preciosa de uma das personalidades mais fortes da pintura quinhentista do Norte, Mestre Arnaus, pintor provavelmente vimaranense que foi autor, entre outras obras, dos frescos assinados da igreja matriz de Midões (1535). Nesta obra define bem a sua sensibilidade de modelação, expressa nos tecidos suavemente esbatidos dos dois santos, no bom desenho das mãos, no hábil recorte das personagens visando funcionalmente destacá-las no contexto virtual dos nichos fingidos em que se albergam. Concorrem para essa mesma característica do mestre as qualidades de castanhos, brancos e cremes dos mantos, assim como a caracterização específica das edículas fingidas que integram o par de santos, com entrelaçados de folhagem pintados a ouro a formar o arco cimeiro da composição.
Este fresco é procedente da abside românica da igreja matriz de Fontarcada. Inicialmente integrando um conjunto monástico, a igreja passou depois a ser igreja paroquial e cabeça de arcediagado, da responsabilidade do arcediago de Fontarcada que fez a encomenda da pintura mural no século XVI. De acordo com a historiadora Paula Bessa, fazia parte de um vasto programa de pintura mural para toda a capela-mor da igreja, do qual ainda se conservam alguns vestígios in situ. É possível que a escolha destes santos pretendesse aludir ao facto de Fontarcada ter sido mosteiro beneditino.
Este fresco foi destacado em meados do século XX por um técnico da Direção Geral dos Edifícios e dos Monumentos Nacionais, tendo sido inicialmente guardado na sacristia da igreja e tendo depois transitado para as Reservas do Museu de Alberto Sampaio por falta de condições de conservação no local. Em 2008, foi submetido a uma operação de restauro in loco na sala de exposições onde se encontra instalado.