Ilhargas da capela-mor da igreja do Convento de Santa Clara
Autor: Ambrósio Coelho (entalhe) e Manuel Gomes de Andrade (douramento e pintura)
Data: Século XVIII (entalhe – 1731 – 32; douramento e pintura – 1733)
Material: Madeira estofada e policromada
Dimensões (cm): alt. 530 x larg. 785 x prof. 40
Proveniência: Guimarães, capela-mor da igreja do Convento de Santa Clara
N.º de Inventário: MAS E 14
Estas ilhargas são decoradas com folhas de acanto, meninos nus, conchas, aves, jarrões, grinaldas de flores e plumas.
A talha barroca proveniente da igreja de Santa Clara tem origem na profunda transformação e renovação do interior deste espaço conventual levada a cabo entre 1731 e 1739. Estas obras incluíram uma grande campanha de renovação artística que acompanhou a transformação arquitetónica do edifício, tendo-se procedido ao acrescentamento de algumas dependências do convento (nomeadamente da capela-mor, da casa da enfermaria e da sacristia), justificado pelo crescente número de religiosas bem como pela disponibilidade de recursos financeiros.
A talha que resta da capela-mor da igreja do Convento de Santa Clara mostra como a linguagem erudita do joanino assimilada pelo artista vimaranense, coexiste com a sua interpretação arcaizante do nacional que se deteta na temática decorativa por ele utilizada, dando origem a esquemas de grande originalidade.
Estes revestimentos parietais que se encontram no Museu foram adquiridos, pelo seu primeiro diretor, Alfredo Guimarães, em 1935, à Comissão de Melhoramento da Penha, que os havia por sua vez adquirido, em 1924, na hasta pública organizada pela Comissão Central de Execução da Lei de Separação.
O Convento de Santa Clara, onde atualmente funciona a Câmara Municipal de Guimarães, foi instituído pelo Cónego Baltasar de Andrade, mestre-escola da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, no séc. XVI. Este convento de freiras clarissas foi um dos mais importantes e ricos da vila de Guimarães e tornou-se conhecido pela confeção de deliciosos doces, como o toucinho-do-céu e as tortas de Guimarães, os doces tradicionais vimaranenses.
A extinção desta instituição monástica feminina é anunciada pela lei de 1834, mas só, em 1891, com a morte da última freira, o convento foi extinto, tornando-se propriedade nacional. Este edifício foi, então, em 1893, cedido à Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira que aí instalou o Seminário de Nossa Senhora da Oliveira, que, em 1896, foi transformado em Liceu Nacional. Na década de 50, o Liceu mudou de instalações e, em 1968, passaram a estar aqui albergados os principais serviços da Câmara Municipal de Guimarães. Em 1973, no local correspondente à igreja do convento, foi instalado o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta que aí se manteve até junho de 2003. Depois desta data, a antiga igreja conventual sofreu obras de requalificação, tendo-se mantido, a nível da arquitetura, apontamentos do testemunho do espaço enquanto local de culto. Hoje funciona como local de atendimento aos munícipes.
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